segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O sentido espiritual do jejum

 


Recebi um e-mail no qual a pessoa me perguntava sobre o sentido espiritual do jejum. Partilho com vocês a resposta a este questionamento. Espero que ajude a você também.

O tempo litúrgico da Quaresma é um período propicio para a prática do jejum. Mas esta prática não se resume apenas ao tempo quaresmal. Muitas pessoas prolongam ao longo do ano dias específicos para jejuar.

O jejum é uma prática espiritual que visa abrir, ou despertar, nossa alma para Deus e as necessidades do próximo. Acredito que é preciso dar um sentido concreto e espiritual a toda prática devocional e de fé que a Igreja nos ensina e orienta, caso contrário corremos o risco de fazermos o jejum porque todos fazem.

Após o período de jejum uma pergunta deverá ser respondida: No que, e em que o jejum me ajudou? Com uma resposta sincera e profunda nascida da experiência vivenciada poderemos ver como foi o caminho percorrido por nós.

O Código de Direito Canônico nos ensina o seguinte:

cân. 1251 – Observe-se a abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; observem-se a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cân 1252 – Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e os pais cuidem que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência em razão da pouca idade.

A abstinência é deixar de comer algum tipo de alimento. O jejum é deixar de fazer uma ou mais refeições ai longo do dia desde que não prejudique a saúde.

Como dar um sentido espiritual ao jejum? Suponhamos que se faça a opção por não almoçar em determinado dia. O gesto de não almoçar deve ter um sentido espiritual, pois pode sentir-se unido a tantos irmãos e irmãs que passam fome e diversas necessidades ao longo da vida. Mas este gesto também abre nosso coração para a presença de Deus em nós. O jejum desperta nossa alma para o agradecimento a Deus por termos o necessário para nossa sobrevivência.

Ao longo da quaresma muitos fazem a abstinência de não comerem carne, doces, ou algum outro alimento. Outros não bebem refrigerante, leite, café… Enfim, é retirado da alimentação algum item pelo qual a pessoa tem uma preferência especial. Este gesto deve despertar nosso coração para perceber Deus de maneira mais plena em nossa vida. Mas também deve despertar o nosso coração para a solidariedade.

Ao longo dos quarenta dias da Quaresma se economiza o dinheiro da carne, do refrigerante, do leite ou de outro alimento ou bebida do qual a pessoa se absteve. No jejum acontece o mesmo processo. Economiza-se o alimento de uma ou mais refeições. A partir desta perspectiva entra em cena o gesto concreto que nos ajuda nesta caminhada espiritual.

O que se economizou financeiramente com a abstinência e o jejum deverá ser revertido a alguma família carente. Pode-se fazer a doação de uma ou mais cestas básicas. O dinheiro economizado pode também ser destinado a obras de assistência social: asilos, hospitais, creches…

Desta maneira o jejum e a abstinência abrem o nosso coração para percebermos de maneira mais clara o amor de Deus por nós e este amor que nós experimentamos é transformado em ação, ou seja, caridade. Amor não sobrevive de teorias, ele precisa se concretizar na ação.

Rezamos o nosso jejum e a nossa abstinência com a vida. Deus transforma nosso coração e com o coração transformado podemos de maneira concreta transformar também a vida de outras pessoas.

Padre Flávio Sobreiro da Costa
Colunista do Portal Ecclesia.

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