quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Em defesa das crianças na Missa

Vez ou outra encontro alguém que defende a estapafúrdia tese de que deve haver um espaço para que alguém cuide das crianças enquanto os pais assistem à missa. Eu poderia dar três boas razões para que as crianças participem da missa com os pais.
 
Primeira porque a criança que não participa da missa dificilmente criará o hábito de participar quando mais velha. Isso se dá porque os pais são espelhos da criança. Ela crescerá sem o exemplo de seus progenitores, ainda que ambos estejam no mesmo edifício e ainda que ambos estejam invocando o mesmo Deus sob formas diferentes. Isso é o que eu chamo de agressão velada por parte dos pais que privam os filhos da educação por meio do exemplo e da correção.
 
Segunda porque as graças recebidas in loco na missa são infinitamente superiores a qualquer súplica feita pelas tias em conjunto com as criancinhas. Pense bem, se fosse o contrário não haveria liturgia oficial na Igreja – qualquer coisa de qualquer jeito estaria bom.
 
Terceira porque elas são o termômetro da sacralidade do rito. Observe bem: ritos mais agitados, barulhentos, com palmas e batuques deixam as crianças notavelmente mais irritadiças por um lado e excitadas de outro. Os documentos da Igreja apontam a missa como uma associação entre sacrifício e banquete indissociável.
 
Se há um sacrifício, não há espaço para um espírito de festa. Obviamente o sacrifício da missa é incruento – não há derramamento de sangue, mas não há dúvida de que o calvário está na ceia e a ceia está no calvário.
 
É batata, quando os responsáveis resolvem inventar moda ao retirar o caráter solene e sóbrio que a liturgia da missa exige, pouco a pouco tudo aquilo vai sendo absorvido pelas crianças. Uma hora ou outra aquilo tudo que elas absorvem do ambiente exterior acaba explodindo, quer seja na correria, na choradeira, na gritaria e assim por diante.
 
 
Há ainda muitas outras razões anexas que pendem para a presença incondicional de crianças na missa. Lembremo-nos que o próprio Cristo desejou que ninguém impedisse que elas se aproximassem Dele: como está registrado no Evangelho de Mateus: “Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus”.
 
Além disso, poderíamos lembrar que a missa como reunião de batizados pertencentes à mesma família o sentido de comunidade que fará com que ela trabalhe e contribua, com o tempo, para a obra de Deus naquela paróquia. A falta de compromisso decorre da primeira razão apontada, ou seja, da falta de hábito. Sem falar que a missa não é uma realidade alucinógena cujo objetivo é transportar as pessoas para uma outra dimensão, para o mundo das ideias de Platão.
 
A missa é sim um mistério capaz de elevar o espírito, mas nunca nos tirando da condição humana a que estamos sujeitos. Portanto, querer higienizar-se da família problemática é uma atitude egoísta e irreal.
 
 
Olho com extrema falta de empatia para esta atitude dos pais que preferem delegar tudo o que se refere à educação dos filhos. Os pais, em geral, comprometem-se apenas com a parte material e a parte afetiva, delegando a outros a dura missão de corrigir, negar, podar e cercear. Sejamos sinceros, é a pior parte de ser pai. Não obstante, é dessa falta de compromisso dos pais com a educação que surgem os problemas de reconhecimento de autoridade e a falta de disciplina. Óbvio, os educadores podem até se esforçar por educar bem um ou outro, mas educar um grupo no mesmo padrão e com o mesmo vigor desprendido seria uma tarefa hercúlea – muito além das capacidades de um ser humano normal.
 
 
Durante a minha caminhada já ouvi vários testemunhos de pessoas que diziam caminhar não sei quantos quilômetros quando crianças só para ir à missa com os pais. Essas reconhecem a marca que tal esforço imprimiu em suas almas. Acho que sou tão enfático nesse sentido porque independente de tudo isso, acho que as crianças dão um colorido todo especial ao culto. Adoro olhar para os rostinhos delas nos colos das mães e receber em troca um sorriso lindo que nos emociona e nos aproxima de Deus.
 
Eu terminaria dizendo que há um testemunho que eu particularmente considero o terror da cultura vigente em nossa sociedade: trata-se da imagem do grupo pai, mãe e filhos entrando juntos numa igreja. Há uma tentativa declarada de tentar diluir o conceito de família tradicional, expressa na já citada pirâmide “pai-mãe-filhos”.
 
A aparição pública dessa pirâmide familiar é uma propaganda dos valores que nós cristãos acreditamos como sendo vontade de Deus. Efetivamente sempre considerei lindo ver os grupos de família unidos dentro da igreja. Para mim eles sempre disseram: “você pode ter uma assim. Não é maravilhoso?”. Ou seja, a família é testemunho para quem não frequenta a igreja e também para os crentes que veem no casamento uma bela vocação pelo testemunho observado.
 
Apesar de já não vermos mais casais acompanhados da penca de filhos que víamos antigamente, temos nessa pirâmide a esperança de que ainda é possível auxiliar na edificação do Reino de Deus pelo casamento.
 
 

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