sábado, 9 de fevereiro de 2013

As 10 músicas que nunca deveriam ser cantadas numa Missa



O erro mais comum na escolha de cantos para a missa é a modificação de trechos fixos da missa com o intuito de inovar. É o que explica muito bem o nosso amigo Rafael Vitola Brodbeck num artigo recente ao diferenciar as partes fixas das partes variáveis da missa:


Ordinário é a parte fixa da Missa, aquilo que nunca – ou raramente – muda: o Sinal-da-cruz, o Ato Penitencial, o Kyrie, o Glória, o Credo, o Ofertório, o diálogo antes do Prefácio, o Santo, a Consagração, o Pai Nosso etc.


Próprio é a parte variável, aquilo que muda conforme o dia, o tempo e as intenções: a Coleta (Oração do Dia), as leituras da Liturgia da Palavra, a Oração sobre as Oferendas, o Prefácio, a Oração depois da Comunhão. Daí que o conjunto desses elementos de uma determinada Missa se chame “Próprio da Missa”. Assim, há o Próprio da Missa do III Domingo do Advento, o Próprio da Missa de Defuntos, o Próprio da Missa de Pentecostes, o Próprio da Missa da Noite de Natal, o Próprio da Missa pelo Papa, o Próprio da Missa de Batismo etc.

Tendo isso em conta, escolhi dez cantos que considero impróprios para a Santa Missa. Depois que você interioriza esses conceitos de Ordinário e Próprio, fica muito difícil assistir a uma missa como se tudo estivesse bem. Infelizmente nesses casos, ainda que a missa seja válida, sua consciência não deixa de acusar que algo vestá errado. E é inevitável que você sinta certo desconforto com a figura do sacerdote lá, diante do altar, impassível em relação a tudo isso.


Não queremos de forma alguma incentivar uma cultura autodestruidora dentro da Igreja. Pelo contrário, queremos apenas lembrar que a liturgia não é algo pessoal, mas dom do próprio Espírito Santo para toda a Igreja. Portanto, enquanto o gregoriano fica no purgatório, eis os cantos que incluo na lista negra do dia:


1.Glória a Deus

Glória a Deus, glória a Deus, glória ao Pai. (2x)
A Ele seja a glória (2x)
Aleluia, amém.

Eu queria entender o porquê do medo que os padres têm de falar claramente: “não existe letra alternativa ao ‘Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominubus[...]‘”. Coloco em latim para que não haja dúvidas. Existe uma oração para o Glória incluído na categoria de partes fixas da missa, o Ordinário.


As partes do ordinário, como já vimos, não podem ser modificadas de forma alguma. Eu vou ser muito sincero com vocês, a única atitude liturgicamente correta quando uma banda me chega com um glória “pirata”, ou seja, desautorizado, para cantar na missa é dizer, “rezemos a oração do glória”, antes de começarem os instrumentos.


Não há de se fazer concessões. Por isso a importância de o padre saber antecipadamente tudo o que se vai cantar na missa. Vocês já acompanharam a escolha de um setlist para show? Nas paróquias comumente se diz: “já cantamos esse glória semana passada. Acho melhor esse para dar uma variada…”. Não se pode escolher o Glória como se escolhe o setlist de um show. A menos que se mude UNICAMENTE a melodia, é terminantemente proibido mudar a letra.


2.Em nome do Pai



Em nome do Pai, em nome do Filho[...]
Para louvar e agradecer, bendizer e adorar,
te aclamar…

Aqui há dois problemas: o primeiro é que o Sinal da Cruz NÃO é rezado por todos os fiéis. O Missal Romano esclarece: “O sacerdote diz: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. O povo responde: Amém”. O segundo também pode ser esclarecido pelo missal: não está previsto nenhum “para louvar e agradecer, etc”. Infelizmente (eu diria felizmente) não temos (padres, leigos, religiosos e nem mesmo bispos individualmente) poder para alterar a liturgia, que é sinal da universalidade e da unicidade da Igreja. Como diz o papa Bento XVI, “A cada dia deve crescer em nós a convicção de que a liturgia não é um nosso, um meu ‘fazer’, mas é ação de Deus em nós e conosco”.


3. Santo, Santo, Santo, Dizem Todos Os Anjos


Santo, santo, santo, dizem todos os anjos [...]
Céus e terras passarão, mas Sua Palavra não passará
Não, não, não passará

Também existe uma oração específica, incluída na categoria “Ordinário da Missa”. Além disso, essa musiqueta é conhecida por incitar nos fiéis uma certa coreografia na qual os fiéis levantam as mãozinhas para cima, para baixo e fazem o sinal de negativo com o dedinho. Vamos combinar, nada mais inadequado para dizer o mínimo.


4. Faz um milagre em mim


Entra na minha casa
Entra na minha vida
Mexe com minha estrutura
Sara todas as feridas …

Ainda que a música protestante não tenha erro explícito (na letra), muitas vezes a melodia está carregada de personalismo e de sentimentalismo, próprios de certas seitas neopentecostais. Além disso, até onde sei costuma-se cantar essa música durante a Comunhão. Alguém lê alguma referência à Eucaristia nesse canto?


5. Pai-Nosso do Padre Marcelo Rossi
Pai, meu pai do céu, meu pai do céu
Eu quase me esqueci, me esqueci
Que o teu amor vela por mim, vela por mim
Que seja feito assim

Acho que essa é a música mais obviamente inadequada de todos os tempos. A oração do Pai-Nosso é bíblica. Quando foi que Jesus falou em “Eu quase me esqueci, etc”?


6. Senhor que viestes salvar


Senhor, eis aqui o teu povo,
que vem implorar teu perdão;
é grande o nosso pecado,
porém é maior o teu coração.

O Missal Romano prevê três tipos de oração para o Ato Penitencial. a) ou reza ou canta o “Confesso a Deus todo-poderoso…” (confiteor); b) O “Tende compaixão…”; c) o “Senhor, que viestes salvar… tende piedade de nós”. Ou seja, faz parte do Ordinário da Missa também. Muitas vezes se pensa que basta que a letra remeta a arrependimento que pode ser incluída na missa.
 
 Mais uma vez vou ser bem claro, estamos numa época de liturgistas desautorizados. Pessoas sem autoridade que querem inovar no rito de Paulo VI como se se houvesse alguma possibilidade de coisas assim ocorrerem. Felizmente muitos fazem isso por ignorância. Eu só tenho pena de sacerdotes que estudam sete anos no mínimo e ainda assim permitem que a liturgia da Igreja seja deformada com gestos sutis de desobediência, como mudar um canto aqui, outro ali.


7. Quero te dar a paz


Quero te dar a paz, do meu Senhor com muito amor (2x)
Na flor vejo manifestar o poder da criação.
Nos seus lábios eu vejo estar o sorriso de um irmão.
Toda vez que te abraço e aperto a sua mão.

Eu nunca vi essa música ser tocada sem incitar palmas, dancinhas, agitação, conversa e barulho. Só por isso deve ser a Anathema Sit dos cantos de missa.


8. Cantar a Beleza da vida


Cantar a beleza da vida, presente do amor sem igual:
Missão do teu povo escolhido, Senhor, vem livrar-nos do mal.
Vem dar-nos teu Filho, Senhor, sustento no Pão e no Vinho.
E a força do Espírito Santo, unindo o teu povo a caminho.

Heresia branca. Primeiro que é difícil entender que “sustento no Pão e no vinho” signifique a transubstanciação. Para mim o trecho em questão significa justamente o contrário, que Cristo está simbolicamente representado no Pão e no Vinho e dessa ligação simbólica/espiritual viria o nosso sustento. Afinal, o sustento vem do pão e do vinho ou da carne (o corpo), da hóstia consagrada, do Pão do Céu? Não sei quem é o compositor, mas caso vocês queiram relativizar e dizer que é apenas uma ambiguidade, fica a critério de cada um.


9. Passeio de Caranguejo


Não vou ficar chorando (buá, buá, buá)
Vendo a vida passar
Vou entoar meu canto
Cantando com os anjos até o sol raiar.

Cansei de escutar essa música no canto final. Essa música numa missa só pode ser fruto da mente de uma pessoa que jura estar num culto protestante. Não tem outra explicação.


10. Reunidos aqui


Reunidos aqui
Só pra louvar ao Senhor,
Novamente aqui,
Em união.

Costumam cantar esta música no canto de entrada. Eu não recomendaria esse canto para a missa porque transmite uma visão reducionista do Culto Sagrado. Antes de estar na missa “só pra louvar”, estamos lá adorar, agradecer, expiar e pedir. Não é festa e não estamos lá “só para louvar”.
 
 

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