domingo, 10 de junho de 2012

As cinco chaves para compreender e amar a liturgia da missa

PhotobucketA liturgia foi como um salto para a minha conversão verdadeira. E é justamente pensando em termos de liturgia que eu posso sentir o quanto é paradoxal ser católico.

Aqui apresentam-se em constante embate obediência versus rebeldia, zelo versus desleixo, ordinariedade versus extraordinariedade e por aí vai. De modo semelhante somos nós nas encruzilhadas da vida, pois há sempre dois caminhos a seguir e nem sempre é fácil optar pelo correto.


Tento isso em conta, pensei em cinco pontos que para mim, enquant0 fiel leig0, sã0 essenciais para se c0mpreender e amar a liturgia da missa. Retire um deles e logo você perceberá que alguém resolveu tomar o caminho mais curto (perceba, liturgia não é nada simples) na encruzilhada. Acho que a festa de Pentecostes – data em que só faltam vender abadás na porta da igreja – é um bom começo para pensarmos nesses pontos que podem ajudar em nossa tarefa de defender a sagrada liturgia:


Unidade: “Que todos sejam um” (Jo 17,21). Essas f0ram as palavras de Cristo durante a última ceia, momento em que ele expressa seu desejo ardente de que a sua Igreja nascente permanecesse unida pelos séculos vindouros. Creio que se a liturgia ficasse à mercê de arbítrios particulares (cada bispos decidindo em suas dioceses como celebrar), dificilmente teríamos a Igreja de Cristo unida atualmente.


O que hoje seria dividido, talvez seria muito mais. A unidade é o elemento que garante que uma missa na Índia tenha o mesmíssimo valor sacramental de uma missa celebrada aqui no Brasil. Para isso contribuem as rubricas, livros formados após diversos concílios para normalizarem por todo o mundo a missa. O latim, que muitos consideram apenas um adereço medieval, é outro grande elemento de unidade. Nada mais confortante que passar uma temporada num país estrangeiro e, apesar de não entender nada nos primeiros dias, de repente ouvir o mesmo “Hoc est enim Corpus meum” de sempre…Naquele momento você passa a ter a única certeza que vale a pena ter: você está na presença do seu criador, nada mais importa.


Tradição: Quando Jesus pede “fazei isso em memória de mim” (Lc 22,19) lega-n0s um dos primeiros elementos de tradição da liturgia católica: todos os sacerdotes, em todos os lugares, línguas e épocas devem repetir exatamente o “isso” expresso nas palavras da última ceia. Além dessas palavras que permaneceram imutáveis por quase dois mil anos, preservamos muitos elementos da liturgia sacrifical judaica.


Não é à toa que o papa Bento XVI sempre fala da tal hermenêutica da continuidade. Ele menciona tal hermenêutica para que entendamos que se a Igreja introduziu ao longo dos séculos algo novo na forma, a essência permanece a mesma. A Igreja sempre procurou “empacotar” os elementos sagrados que se consolidaram ao longo da história da salvação e difundi-los pela ação litúrgica. Portanto, quando buscamos elementos externos à tradição da Igreja, introduzimos como que um vírus no corpo são. Cada padre deve ser então como um anticorpo, obstinado em expulsar corpos estranhos desse corpo do qual é guardião.


Sacrifício: acho que deveríamos ensinar na catequese um novo nome para a missa: sacrifício. Crianças, hoje nós vamos ao Sacrifício; Como se portar durante o sacrifício; “Domingo sem Sacrifício é domingo sem graça”, etc., de modo que essa noção se consolide na cabeça dos fiéis. Se entendemos a missa do modo correto: a perene ação da oferta de Cristo na cruz, é muito mais fácil percebermos a importância do momento vivido. Assim evita-se gente batendo palmas (quem bateria palmas no calvário?), gente usando decote, batucadas e tantos outros elementos estranhos ao conceito de sacrifício.


Comunhão: apesar de estar relacionado ao conceito de unidade, dou ênfase a este ponto por ir ainda mais além. Mais que o momento em que recebemos a hóstia, a noção de comunhão é essencial para vivermos bem o momento da missa. Nesse momento estão unidas, num só louvor as três igrejas: a militante, a padecente e a triunfante, todas trocando dons entre si. Trazendo essa concepção só para o plano da igreja militante, nós aqui na terra, podemos dizer que a comunhão é ainda mais intensa. Ou seja, eu estou em comunhão com o papa em Roma, que está em comunhão com a senhorinha em Cuba, que está em comunhão com o padre jesuíta na china, que está em comunhão até mesmo com os ortodoxos cismáticos! E não para por aí.

Cada vez que se reza uma missa, derramam-se bênçãos e graças mesmo sobre aqueles que não participam da celebração. Todos estão presentes, em suas mais diferentes realidades num único e mesmo sacrifício. Ter essa noção de que não estamos circunscritos ao espaço físico de nossa paróquia nos faz repensar ainda mais a importância do ato litúrgico.


Estética: “a liturgia da missa é um reflexo da glória eterna”. Foram essas as palavras que ouvi da boca do padre na missa de hoje. Nada mais correto que, nesse sentido, buscarmos tudo de melhor e mais belo para clarificar essa verdade. Muitos apelam para uma concepção errônea de Deus ao atestarem: “Deus era simples”, “ele não liga para luxos e riquezas”, “poderiam vender e dar tudo para os pobres”, mas não percebem que isso contradiz o respeito e a dignidade que Cristo devotava ao templo de Israel.

Quem eram os vendilhões? Quem zelava para que o templo fosse um lugar santo ou quem o profanava transformando-o num comércio? Tudo na missa deve ser uma representação da beleza celeste. Para isso podemos usar a imaginação: como seria o turíbulo em que os anjos incensam o Cordeiro glorioso? Como seriam as vestes de Cristo em majestade? Cada liturgista, cada sacerdote deve despertar nos fiéis, por meio da liturgia, o anseio, o desejo do céu, o desejo de viver na presença de Deus para sempre.


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