quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A verdadeira liberdade

Longe de prejudicar o desenvolvimento da personalidade, é o domínio de si que afirma o ser humano como tal., no equilíbrio de suas faculdades, na soberania das potências superiores. Em vez de cercear, estabelece a liberdade.

Livre não é quem se deixa dominar por instintos e paixões, mas que as governa. Com muita razão se fala do escravo dos vícios, como Cristo disse que é escravo do pecado quem comete o pecado (Jo 8:34). Isto não significa limitação nem fraqueza, antes libertação da pior de todas as servidões, e demostração de força, que nenhuma é tão grande como o ser humano vencer a si mesmo. Muito mais fácil é vencer o outro.

Padre Antônio Vieira salientou que foi muito maior Davi não matando a Saul que matando a Golias, pois "matando a Golias, venceu um gigante; poupando o rei, venceu-se a si". Ser corajoso com os outros é comum, difícil e raro, ser corajoso consigo mesmo.

Responder com uma tapa ao insulto é tão fácil que mesmo os moleques da rua o fazem com frequência; desprezar a ofensa e perdoar ao ofensor é tão alto que poucos o realizam e muitos nem o compreendem.

Nada como o autodomínio para acalmar os agitados, moderar os impressionáveis, conter os violentos, submeter os arrebatados, excitar os tíbios, corrigir toda sorte de excessos e deficiências. Os que o desprezam nos seus cuidados de educadores, para se preocuparem com o êxito e o bem-estar, terminam em fracasso, pois ninguém mais desarmado para as vitórias na vida do que aqueles que não sabem dominar-se.

Não há verdadeira liberdade enquanto o ser humano não se liberta de si mesmo, não vence as suas resistências ao bem, não adquire facilidade e esponteneidade no cumprimento total do dever. Na verdade, o ser humano só é livre quando adquire a liberdade interior.

E não há pior escravo que o escravo das paixões, sem forças para resistir, sem coragem para quebrar as correntes - tão fraco que cai diante da suas próprias fraquezas.

Pe. Álvaro Negromonte

O que fazer do seu filho - Livraria José Olympio - 1955

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