domingo, 5 de fevereiro de 2012

Por quê existe o sofrimento? (Parte 2)

O sofrimento e a salvação das almas

O fundamento mais tangível dessa seriedade é que temos uma alma a salvar: o desfecho de nossa história pessoal será uma vida eternamente feliz no Céu ou uma vida eternamente desgraçada no inferno. A graça de Deus nos chama constantemente para as vias da salvação, mas a escolha do caminho depende também de nossa cooperação — ou não cooperação... — com essa graça. E nesta alternativa se joga tudo por tudo! Como, então, passar a vida sorrindo tolamente diante dessa dupla perspectiva final?

O sofrimento entrou no mundo pelo pecado. A conseqüência do pecado de nossos primeiros pais, Adão e Eva, foi sua expulsão do Paraíso terrestre, a condenação à morte e o fechamento do Céu para o gênero humano. Deus, porém, que é Pai de misericórdia, apiedou-se da humanidade e determinou que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se fizesse homem, pagasse por nós o débito do pecado — que, por ser infinito, não estávamos em condições de saldar — e nos reabrisse o Céu. Tal foi a obra da Redenção consumada pelo sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo no alto da Cruz. O essencial, portanto, foi cumprido pelo Divino Salvador.

Entretanto, Deus estabeleceu que o fruto da Redenção se aplicasse a cada um de nós pela nossa participação pessoal no Sacrifício redentor de Cristo. E essa participação se dá pela aceitação amorosa e resignada dos sofrimentos que Deus nos manda nesta vida. É a doutrina ensinada por São Paulo, segundo a qual devemos completar em nossa carne o que falta à Paixão de Cristo (cfr. Col 1,24). Fica assim explicada a profunda razão de ser do sofrimento dos filhos de Deus nesta Terra.

São insuportáveis os sofrimentos?

Essa exposição tem como fundo de quadro sofrimentos humanamente suportáveis (bem entendido, com a ajuda da graça divina). Mas nossa missivista refere-se a três gêneros de sofrimento — “a guerra, a doença e a fome” — que, no seu entender, parecem exceder de muito a capacidade do homem de suportá-los. Como conciliar isso com a visão que temos de um Deus, Pai das misericórdias?

A dúvida faz sentido. Os jornais descrevem todos os dias horrores da guerra, atos pavorosos de terrorismo que atingem indiscriminadamente todo gênero de vítimas, incursões criminosas de guerrilhas que tumultuam a vida de diversas nações, regimes totalitários que provocam fomes insanáveis a que estão submetidas populações inteiras, a pandemia da Aids etc. Não constitui isso um sofrimento que ultrapassa todo limite do suportável?

Sem dúvida, o estado de convulsão generalizada em que está o mundo produz sofrimentos inauditos. Porém, cumpre perguntar se o estado de pecado em que vive hoje grande parte da humanidade não é de molde a atrair castigos divinos. E a pecados inauditos, castigos inauditos... E como isso tudo ofende a Deus!

O bom pai, quando castiga, é para bem do filho
A revista Catolicismo tem mostrado a extensão e a gravidade desses pecados: a imoralidade inconcebível das modas e dos costumes, a desagregação institucional da família, o aborto, a depravação homossexual e tantas outras desordens, na esfera individual como na social, nacional e internacional. Tudo isso manifesta o abandono dos princípios da moral natural e da moral católica, um voltar desdenhoso de costas a Deus. Como admirar-se de que Deus puna o mundo com castigos nunca vistos?
Assim, ao  sofrimento que sempre acompanhou a vida do homem desde Adão e Eva acrescentam-se sofrimentos incomensuráveis, que se podem atribuir a um castigo pela apostasia hodierna, a qual ofende enormemente o Coração de Jesus. Aceitar com amor e resignação os sofrimentos que daí decorrem é um meio de a alma católica reparar tão grandes ofensas.

Deus nunca deixa seus filhos ao abandono, mas socorre-os misericordiosamente. Por isso enviou sua Santíssima Mãe à Terra, em Fátima, a anunciar que, se os homens não se emendassem, grandes castigos haveriam de sobrevir. Porém, ao fim destes, graças também nunca vistas choverão sobre a humanidade, que retornará a Deus e à Igreja, estabelecendo-se na Terra uma era de paz: é o Reino de Cristo, que se reinstaurará com o triunfo do Imaculado Coração de Maria. Essa a grande e maravilhosa esperança que nos dá ânimo para suportar todas as lutas e sofrimentos deste mundo convulsionado em que vivemos.

Extraído da Revista Catolicismo

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