domingo, 4 de novembro de 2012

Sacramentos

O Sacramento da Reconciliação ou Confissão


 O Sacramento que apaga os pecados, como já vimos, é o Batismo. E também já vimos que, mesmo após o Batismo, continuamos a experimentar a fragilidade própria da natureza humana e a concupiscência, isto é, o desequilíbrio que o Pecado Original deixou em nós, uma certa inclinação ou tendência para o pecado. A concupiscência vem do pecado e pode levar ao pecado (CIC §405-409 418 1425-6 1484).

Desejar algo errado é fruto da concupiscência. Mas se você consente e pratica o que pensou de ruim, aí cai no pecado. Se resiste, não peca: venceu o mal em Cristo! A concupiscência é, então, ocasião para “combater o bom combate e guardar a fé”, como disse o Apóstolo Paulo (2Tm 4, 7)! Assim, o cristão, apesar de ser uma nova criatura, não mais vivendo no pecado, experimenta ainda situações de pecado: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1, 8).


A Igreja pode perdoar os pecados?

O pecado é infidelidade e injúria a Deus: somente Ele pode perdoá-lo. Mas Jesus, que é Deus e tem o poder de perdoar os pecados (Mc 2, 7-12) concedeu à sua Igreja este poder, para ser exercido em seu Nome: “O que ligares na Terra será ligado no Céu, e o que desligares na Terra será desligado nos Céus” (Mt 16, 19 e 18,18). Os Apóstolos confirmaram que receberam esta missão diretamente do Senhor Jesus, como vemos na Escritura: “Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por Cristo e nos confiou o Ministério da Reconciliação” (2Cor 5, 18).

Assim, Cristo, que pode perdoar os pecados, deu à sua Igreja o poder de perdoar os pecados em seu Nome: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, serão perdoados; aqueles aos quais os retiverdes (não perdoardes), serão retidos” (Jo 20, 22ss).

Penitência - O remédio para o pecado é a contínua conversão pela penitência. A penitência é um conjunto de atitudes e gestos que revelam a mudança interior, a conversão do coração. “A conversão interior impele à expressão exterior, com gestos e sinais visíveis, gestos e sinais de penitência” (CIC §1430). “A penitência interior é a reorientação de toda a vida, um retorno, uma conversão a Deus, de todo o coração, a ruptura com o pecado, a aversão ao mal, juntamente com a reprovação das más ações cometidas” (CIC §1421).


O que é preciso para receber a Reconciliação?

Antes de tudo, é preciso a contrição, o sincero reconhecimento do pecado cometido e um verdadeiro arrependimento. A contrição é uma certa dor da alma, pelo arrependimento e aversão ao pecado cometido, com a decisão de não pecar mais. Cristo perdoou a mulher adúltera que seria apedrejada, mas advertiu: “Vai e não peques mais!” (Jo 8, 11).

Muitas pessoas costumam dizer “vou me confessar”, mas o correto é dizer “vou confessar os meus pecados”. Não “nos” confessamos pelo que somos, e sim confessamos o que fizemos ou deixamos de fazer e que nos afastou da Comunhão com Deus.

Para a contrição sincera é necessário o exame de consciência conforme a Igreja orienta. Não devo confessar o que é pecado “para mim”, mas o que realmente é pecado, segundo a Fé. “Eu” não sou a medida de todas as coisas! No exame de consciência, é bom perguntar-se sobre três áreas: minha relação com Deus, minha relação com os outros e minha relação comigo mesmo. Quanto mais cuidadoso o exame de consciência e mais sincera e profunda a contrição, mais frutuosa será a Reconciliação. Se não há um exame de consciência cuidadoso, não se chega a um sincero arrependimento: nesses casos, o Sacramento pode ser inválido. Sacramento não é “mágica”: é encontro entre o Senhor, que concede a Graça, e o ser humano, sedento da Misericórdia e da vida que vêm de Deus.


Efeitos da Confissão

O pecado é a ruptura da Comunhão com Deus, que nos “desarruma” internamente e nos faz romper com os irmãos de fé. O pecado provoca uma ferida não só em nós mesmos, mas também no Corpo de Cristo, a Igreja. Você é um membro desse Corpo, e um membro ferido prejudica todo o Corpo do Senhor. Com a confissão e a penitência, as feridas são curadas e o membro volta a ficar são: todo o Corpo ganha.

Além de tudo, confessar os pecados também é, psicologicamente falando, um bálsamo. Dom Aloísio Roque Oppermann, scj, Arcebispo de Uberaba (MG), aponta: “Muito tempo antes de Freud, o Sacramento da Penitência já era um alívio para as angústias. A confissão pode provocar uma cura da alma que a ciência não pode. Pela Graça do Divino Espírito Santo a Penitência pode restituir a vida em Cristo1!


O Sacramento da Reconciliação ou Confissão na Prática

Por que confessar os pecados ao padre? Porque é ele o ministro desse Sacramento. “Cristo confiou o Ministério da Reconciliação aos seus Apóstolos, aos seus sucessores, os bispos, e aos presbíteros, seus colaboradores, os quais são instrumentos da Misericórdia e da Justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (CIC 1461-1466/1495).


Com que frequência confessar os pecados?

“Todo fiel, tendo atingido a idade da razão, é obrigado a confessar os próprios pecados graves pelo menos uma vez ao ano, e sempre antes de receber a Santa Comunhão” (CIC §1457). Note que o Catecismo esclarece que os pe-cados que devemos confessar são os nossos próprios, e não os pecados de outras pessoas. O momento da confissão não é para desabafar mágoas nem para acusar defeitos de ninguém. É o momento para aliviar a sua própria alma.




Não é preciso ter receio de confessar suas faltas ao padre!

“Dada a delicadeza desse ministério e o respeito devido às pessoas, todo con-fessor é obrigado, sem exceção alguma e sob penas muito severas, a guardar o sigilo sacramental, ou seja, segredo absoluto acerca dos pecados conhecidos na confissão” (CIC §1467). Além disso, o padre não está preocupado em saber quais foram os seus pecados, por curiosidade ou interesse pessoal: seu único objetivo é ser um canal entre quem confessa e o perdão de Deus.

A belíssima fórmula de Absolvição Sacramental revela, de modo admirável, o sentido do Sacramento da Reconciliação: “Deus Pai de Misericórdia, que pela Morte e Ressurreição de Seu Filho reconciliou o mundo consigo e infundiu o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz. Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!”.


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Fontes e referência bibliográfica:
1. OPPERMANN, Aloísio Roque, scj. Confissão: prática mais do que moderna. Disponível em: < http://www.comshalom.org/formacao/exibir.php?form_ id=2918>. Acesso em: 20 abr. 2012.
COSTA, Henrique Soares da, Dom. O Sacramento da Penitência. Disponível em: < http://www.padrehenrique.com/index.php/sacramentos/penitencia >. Acesso em: 20 abr. 2012.
MIRANDA, Mário de França. Sacramento da Penitência. 5ª ed. São Paulo: Loyola, 1996.


http://vozdaigreja.blogspot.com.br/


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