sábado, 26 de maio de 2012

Os Três Aspectos da Cruz de Cada Cristão.


 
 
Ouvimos no Santo Evangelho, as palavras do Senhor Jesus Cristo indicando que cada cristão deve carregar a sua cruz: 
 
Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. 
(Mc 8:34). 
 
Ele mesmo carregou Sua cruz . 

Ele não só carregou uma pesada cruz de madeira sobre a qual Ele estava prestes a ser crucificado, mas sim Ele suportou uma cruz  durante toda a Sua existência terrena! 

Sim, pois devemos considerar que o Deus eterno juntou-se à humanidade, e como  Deus-homem, viveu entre os homens, compartilhando Sua vida com eles. 

Ele então trouxe a esta terra o Seu amor e a Sua misericórdia. Sem julgar ninguém, Ele perdoou a todos, realizando inúmeras obras miraculosas de misericórdia, amor, perdão e cura. 

E sempre incessantemente Ele fez brilhar a luz do amor entre os homens, de forma ainda mais intensa do que a ação do ódio satânico  desferida contra Ele. 

Seus inimigos cerraram fileiras contra Ele, vindo em Sua direção  por todos os  lados, em última análise, O colocando na cruz.

Como então agora lembramos,  o verdadeiro cristão só pode seguir a Cristo apenas se também tomar para si uma cruz, a Santa Cruz. 

E esta Santa Cruz é composta de três partes, como foi explicado a nós por São Teófanes o Recluso. 

O primeiro aspecto desta cruz é a luta contra o vício do pecado, que só nascerá pelo cultivo do desejo de viver uma vida piedosa e cristã.


Todos os desafios nascem em resposta a isso, pois tal indivíduo percebe como uma verdadeira ruína cair em razão dos  hábitos pecaminosos, pois sabe como tais hábitos o dominam e tentam o controlar.

E são muitas as vezes que isso ocorre : inicialmente, a alma de um pessoa queima com o  ardor de se viver uma vida cristã, mas seus pecados habituais, aqueles aos quais ele já se habituou a cometer, irresistivelmente o atraem, de modo que ele sempre retorne a eles, de novo e novamente. 

É por isso que o Bispo Teófanes diz que um homem em um estado de pecado é como uma pessoa que estivesse andando com um cadáver em decomposição amarrado as suas costas. 

Tal pessoa se sente  vinculada ao cadáver, recusando-se a lançá-lo fora e seguir a diante sem ele. E tal cadáver  é a natureza decaída e pecaminosa. 

Como diz o ditado, "você não pode fugir de si mesmo."
O segundo aspecto da cruz é a luta para suportar todas as provações e tribulações da nossa existência terrena. 

Esta é mais comumente conhecido como a cruz  de cada um, que inclui todas as dores, doenças, perdas pessoais, e assim por diante. 

Aqui temos de afirmar que se uma pessoa é humilde e obediente, aceita todas as tristezas como tendo sido enviadas a ele pela providência de Deus para o seu benefício espiritual. 


E se for assim, tal pessoa receberá algo completamente diferente de suas agruras. 

Mas aquele que reclama, se tornando rebelde e indignado, este logo se ve tomado pelo desanimo. 

Será apenas deixando as reclamações, por conta de uma verdadeira humildade e submissão, que este homem será capaz de ver cada desafio como vindo diretamente da mão direita do Senhor, e nisso tudo verá de uma forma distinta, como se todas essas provações lhe trouxessem paz , justamente em razão da consciência cristã de que todas as coisas são apenas como devem ser. 

Pois O Senhor, o Pai Celeste, não envia uma pedra em vez de pão, de modo que quando Ele  nos permite o sofrimento, tais devem ser suportados de uma maneira cristã.

O terceiro aspecto da cruz,  ao qual São Teófanes o Recluso fala por experiência própria(pois é sabido que ele foi grande asceta), é aquele relacionado a tentação da elevação, que ataca com força a  pessoa que superou a sedução dos pecados habituais, e tal tentação acossa todos os ascetas. 

Pois quando essas pessoas por sua luta não cedem aos pecados habituais, um espírito desce sobre eles,  os submetendo ao  abismo da tentação mais perigosa, a tentação do orgulho. 

Às vezes, os ascetas se vem derrotados na luta com essas tentações,  e nisso são dominados por pensamentos arrogantes. 

Devemos então lutar contra tais perigos, não havendo outro dever para alem desse : carregar a nossa cruz,  sermos portadores de nossa cruz, pois nosso Senhor não nos reconhecerá como Seus seguidores  se não o fizermos. Amém.


 
Abençoado Metropolita Filareto (Voznesensky).

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