SINAIS
DO NOSSO TEMPO
Vivemos um
momento curioso na sociedade, em que ser criança não é uma boa coisa. Queremos
apressar o fim da infância. Conversamos com crianças como se fossem adultos.
Propomos acordos de igual para igual, como se fosse possível estabelecer esse
tipo de acordo com quem está em outro nível de maturidade. E achamos normal que
uma criança de 10 anos se comporte como adolescente.
A
maquiagem, que deveria funcionar como brincadeira para uma criança, tem sido
levada a sério. Curiosamente, essa geração de “mini mulheres” está sendo criada por adultos que desejam parecer
cada vez mais jovem. Quem amadurece parece não encontrar muito lugar no mundo
de hoje. Achatamos as duas pontas do crescimento: abreviamos a infância e
tentamos manter a juventude até onde for possível. Tudo está uniformizado. A
sensação é de que todo mundo quer ter 20 anos, quem ainda está longe dessa
idade e quem já passou dela.
Tiramos
das crianças a chance de compreender como acontece o desenvolvimento humano:
infância, fase adulta, envelhecimento. Roubamos delas a formação em etapas, a
possibilidade de aprender sobre elas mesmas, sobre como vão se desenvolver.
Um grande
elogio a uma pessoa idosa hoje é dizer como ela está jovem. O envelhecimento
tem sido apagado da sociedade. A impressão que fica para a criança é que temos
as pessoas jovens sempre.
Obviamente,
não é um processo que aconteceu do dia para noite. A valorização exacerbada da
juventude é algo que vem se instalando aos poucos. A idéia é que os jovens são
aqueles que têm sonhos para perseguir, realizar. Uma pessoa idosa não. Vem daí
a noção de que a juventude precisa ser estendida ao máximo. E para conseguirmos
mudar um pouco isso, o primeiro passo é proteger a infância.
É isso que
os adultos têm que fazer e não querer acabar com ela. A vida tem suas fases e
cada uma delas tem sua beleza. Um abraço.
Maria Inez de Andrade Aires
Psicóloga
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